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quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Baby Animals - Shaved and Dangerous [1993]


O Baby Animals, pra mim, foi a segunda melhor banda australiana. Não é até hoje porque desde 2007 eles vêm passando por um longo e paciente processo de reformulação da banda, após um hiato de 12 anos. Dos membros originais, hoje sobraram apenas a vocalista e líder da banda Suze DeMarchi e o guitarrista Dave Leslie (quando a banda se reúne para eventos especiais, normalmente são recrutados músicos de estúdio).


A banda lançou apenas três álbuns: o auto-intitulado, hard rockeiro por excelência, e que estourou nas paradas australianas em plena confirmação da decadência do estilo (idos de 1992), chegando ao chart top na sua terra - muito graças aos seus shows de abertura para Bryan Adams, Van Halen e Black Crowes; o álbum pós reunião, Il Grande Silenzio (de 2008), um ao vivo com versões acústicas dos seus hits; e o que será resenhado nesta postagem, resultado de uma fase de transição criativa da banda em geral, do hard rock festeiro que marcou seu primeiro álbum para um som mais maduro, mas que ainda assim não abandonou por inteiro suas raízes.



Muito desta transição teve a ver com a mudança de produtor de um álbum para outro. Neste álbum, a produção de Ed Stasium (Talking Heads, Ramones, Living Colour) e a co-produção de Nuno Bettencout (sim, o demônio das 6 cordas do Extreme e futuro primeiro-damo da vocalista) em músicas como "Life From a Distance" e "Be My Friend" (ele também compôs e tocou no quase-hit "Because I Can") acabaram influindo na banda, que se sentiu mais intimista, mas nem por isso menos enérgica.



O álbum começa com a classudíssima "Don't Tell Me What To Do", já mostrando de cara a diferença em relação ao debut, que se confirma ao longo do álbum. Nela, a melodia que a guitarra-base limpa evoca já no começo é algo de singelo e inóspito ao mesmo tempo, dando espaço pra vocalista Suze brilhar com sua voz sensual e encorpada, ora em uma dinâmica mais baixa, ora se sobressaindo. O refrão forte e grudento, com backing vocals suaves mas proeminentes, e o maravilhoso solo de guitarra são o que evoca as raízes da banda. Esta música saiu como single na Austrália (assim como "Backbone" e "Lights Out At Eleven" deste álbum). A sequência se dá com a funkeada "Buputa", que tem algo de tenso e ao mesmo tempo brincalhão na sua estrutura. Coisas de Nuno Bettencourt, por mais que ele não tenha metido a mão (ao menos a caráter oficial) nesta música. Seguindo, temos "Life From a Distance", com seu mid-tempo, suas guitarras esparsas e climáticas (uma constante neste álbum, diga-se) e um trabalho de cozinha brilhante.

O momento "lights out com a nega véia" vai a mil na sequência com "Be My Friend", uma power ballad de respeito, com um solo de guitarra com algo entre o bluesy e o misterioso e a bendita Suze mostrando novamente a qualidade que faz dela minha vocalista preferida dos anos 90: como ela consegue reforçar a dinâmica de uma música! "Lovin' Lies" vem após, com um clima já mais descontraído, quase folk, mas não desgarrando do hard rock. "Lights Out At Eleven" retoma o clima intimista, novamente valorizando o trabalho de baixo e bateria, que aliás, chama atenção pela falsa simplicidade; soa simples em geral, mas com momentos trabalhadíssimos (embora não complicados tecnicamente).

O clima é razoavelmente quebrado por "Backbone", com um riff inicial forte, contrastado por versos suaves, seguidos por pontes e refrão fortes. Até então a música mais pesada do álbum (embora no contexto até então, isso não significa muita coisa). "Nervous at Night", na seguida, é uma semi-balada mais descompromissada, com um clima mais inocente, do tipo pra se ouvir no carro e não ficar indiferente. Então chega a hora do tio Nuno arregaçar as mangas e pegar o violão pra escrever riffs e dar o seu drive em "Because I Can". Essa música basicamente serve pra sacudir toda a poeira do clima que o álbum até então passava, sendo quase uma música de luau, embora mais tensa. E "Stoopid", na saideira, termina o trabalho da faixa anterior de uma vez por todas. Hard rock curto, eficiente e divertido (e escrito em 7/8, como se não bastasse), não deixando aquela sensação pesada quando o álbum silencia.



Este álbum dividiu os fãs do Baby Animals que esperavam um trabalho mais voltado ao Hard Rock festeiro das suas origens. Realmente, é um trabalho que não tem muita coisa a ver com o anterior. É um som mais dark, mais intimista (eu diria "ideal praquela tarde sem sair do quarto com a namorada"), mas ainda assim, extremamente bem feito e com músicas cativantes.

Enfim... enjoy.


Suze DeMarchi - vocais, guitarras
Ben "Moose" Johnston - guitarras
Eddie Parise - baixo
Frank Celenza - bateria e percussão
Nuno Bettencourt - violão e guitarras em "Because I Can"


01 - Don't Tell Me What To Do - 4:12
02 - Buputa - 3:59
03 - Life From a Distance - 4:26
04 - Be My Friend - 4:02
05 - Lovin' Lies - 3:32
06 - Lights Out At Eleven - 5:31
07 - Backbone - 5:17
08 - Nervous At Night - 4:00
09 - Because I Can - 3:38
10 - Stoopid - 2:48




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GSM


3 comentários:

  1. Baby Animals - Shaved And Dangerous [1993]

    http://www.multiupload.com/CRHT4K6P5D

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  2. Primeira coisa: Tu escreve fodasticamente bem, Gus.:3
    Segunda, nunca pensei que o hard rock dos anos 90 pudesse ser TÃO bom, embora tenha aquelas músicas melosinhas que toda a banda tem, essa última que tu postou Stoopid já começa a entrar nesse clima mais animadinho do hard. Ao menos eu achei.
    Só conheço uma banda boa de hard dos anos 90 se não me engano. Que seria Hardline. Agora mais outra! Obrigads, por aprimorar meus gostos musicais, homi.:)

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  3. Novo link:

    http://www.mediafire.com/?5ggs82nco4s33zc

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