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terça-feira, 3 de abril de 2012

Pink Floyd - The Wall [1979] + Experience Edition [2012]





Nesse final de semana eu assisti ao incrível espetáculo 'The Wall'. Posso afirmar que já conhecia o Opera Rock através do disco e também já havia assistido ao filme de 82 que dá mais perspectiva e detalhamento para a obra, porém, ao ver o show, pude me deparar com a grandiosidade total que cerca este magnífico álbum do Pink Floyd.

*Gostaria de salientar que a releitura que fiz a seguir é apenas uma interpretação minha para a obra, tratando-se única e exclusivamente de minha própria opinião.


Roger Waters se baseou em sua própria vida e até mesmo em alguns eventos da vida de Syd Barrett para a criação do personagem tema da obra: Pink (não o rato). A trajetória de Pink começa com a segunda guerra mundial, onde 'In The Flesh?' mostra o quão terrível era o clima de guerra (onde seu pai foi morto em batalha) com uma melodia sinistra onde guitarras e teclados combinam muito bem. Com um medo que permanece, imagino que 'The Thin Ice' queira mostrar algo da opressão dos tempos de guerra e até mesmo opressão do sistema (tema principal abordado no show 'The Wall') ao falar sobre o patinar num gelo tão fino que a qualquer momento pode se romper. Entre ‘The Thin Ice’ e 'Another Brick In The Wall Pt. 1' já começamos a perceber a infância de Pink e, especificamente em ‘Another Brick In The Wall Pt.1’ podemos remeter ao professor opressor e começar a trazer aquela melodia do clássico Pink Floydeano. 'The Happiest Days Of Our Lives' e 'Another Brick In The Wall Pt. 2' completam o clássico, jogando na cara dos professores malvados tudo o que realmente acontece em certos casos quando acaba a consideração pelos pobres alunos. Pelo que vejo, não somente em suas letras sobre sua vida, suas melodias e vocais, mas também as linhas de baixo são evidenciadas nas músicas por Waters dando uma importância melódica fundamental, que também foi realçada na produção. Sendo assim, talvez esse pudesse até mesmo ser considerado um disco solo.


Pink Floyd - Another Brick In The Wall (Versão extendida contendo The Happiest Days Of Our Live e
Another Brick In The Wall Part 2 juntas)(Official Video):

Continuando a jornada, mais tijolos do muro se empilham em sua infância por causa de sua mãe superprotetora e controladora. 'Mother' retrata isso com uma melodia melancólica e um solo cheio de sentimento. Durante o novo show, temos uma parte bem fora dos protocolos, onde uma das diversas perguntas feitas na letra da música, 'Mother, should I trust the government?' ('Mãe, eu deveria confiar no governo?'), é respondida com a seguinte inscrição gigante no muro, para delírio da platéia:


'Goodbye Blue Sky' e 'Empty Spaces' vêm trazendo medo e aceitação.  Aqui Pink já é um problemático músico de rock. Elas também precedem a pauleira 'Young Lust' que fala sobre o 'sexo, drogas e rock n' roll' da vida de Pink, e a vingança por sua esposa ter o traído. Agora o muro já está quase completo. 'One Of My Turns',  'Don't Leave Me Now' e 'Another Brick In The Wall Pt. 3' mostram o final do casamento e o abandono com um rock que me lembra os tempos clássicos de Alice Cooper. 'Goodbye Cruel World' simboliza o adeus de quem irá ficar para sempre confinado atrás de seu próprio muro.

Muro totalmente pronto no fim do primeiro ato.
A segunda parte, ou segundo ato, começa com a conhecida 'Hey You', que tem lindos acordes e um grande solo de guitarra, e começa a falar sobre o isolamento atrás do muro. 'Is There Anybody Out There?' acaba sendo uma música de louco, porém seus acordes são incrivelmente sentimentais. 'Nobody Home' poderia ter aparecido num dos primeiros álbuns solo de Alice Cooper tranquilamente, sendo uma linda balada que fala das coisas fúteis que nos rodeiam nos dias de hoje. 'Vera' é a música mais bonita e mais triste do play. É uma pena ter apenas um minuto e meio de duração. Ela fala da falsa promessa das velhas músicas de consolo da época da guerra da cantora Vera Lynn, que falavam de esperança e que diziam que tudo iria dar certo no final, porém aqui, junto com 'Bring The Boys Back Home', temos um desesperado lamento ao ver que a guerra teria acabado e que os combatentes que estariam voltando pra casa, na verdade não voltaram, dentre eles, o pai de Pink. Agora vem a melhor música do play, dizem as más línguas: 'Comfortably Numb'. Grande melodia e grande solo para falar do conforto temporário das drogas, talvez medicamentos, o leque de interpretações nessa aqui é grandemente aberto, mas percebe-se que a droga faz com que o garoto Pink possa tentar se sentir melhor em meio a tudo que está acontecendo. 'The Show Must Go On' tem destaque no arranjo de vozes, ainda no clima da música anterior. O clima de guerra volta, trazido novamente por 'In The Flesh'. Agora em sua alucinação, o ditador fascista é o próprio Pink. É a hora do porco. Essa é a parte onde Pink pega uma metralhadora e fuzila a todos. Aqui aparece o símbolo clássico dos dois martelos cruzados. 'Run Like Hell' segue com um ritmo meio dançante e impõe a força o novo regime ditatorial. Seguindo, temos 'Waiting For The Worms' que é um som bem legal com boa dinâmica e faz um paradoxo bem elaborado para salientar as faces da guerra e das pessoas. 'Stop' é onde Pink literalmente para e pede para voltar para casa, cansado de conflitos. No julgamento, 'The Trial', temos a ex-esposa, a mãe e o professor depondo contra Pink, que é julgado culpado por ainda ter algum sentimento depois de ter construído o muro. Sua sentença é derrubar o muro. Agora a multidão inteira grita 'Tear down the wall!' e cada fato que empilhou tijolos no muro aparecem como um flashback até que quando menos se espera o muro vem abaixo! Por último, temos a calma 'Outside The Wall' que encerra a obra colossal.

Percebo algumas coisas no final de analisar toda a história, o show e o filme. Na verdade, vendo o show uma sensação que vem, além de todo o protesto contra o sistema que é evidente durante todo o espetáculo, é um sutil sentimento de decepção por todos os eventos que ergueram o muro em 1979 e estão erguendo outros muros a cada dia que passa, que as armas e os cenários mudam, mas as batalhas são as mesmas, e que apesar de tudo, a humanidade ficou e sempre continuará sendo igual. A outra coisa que percebo é que a coragem e a busca por justiça são verdadeiras mesmo sendo um espetáculo do entretenimento, que Roger Waters é um cara legal, pois podia fazer como os outros membros do Pink Floyd que hoje em dia ficam em suas casas dormindo, mas resolveu sair e continuar a batalha pelas causas perdidas. Talvez mais um 'Dom Quixote' moderno, digno de orgulho.

Quanto ao Pink Floyd, seria muito bom poder ver um show do The Wall com a tecnologia de hoje em dia e com a banda de antigamente completa, se fosse possível. Dizem que as brigas acabaram há muito tempo e Roger Waters e David Gilmour são grandes amigos hoje, porém os projetos juntos já são outros quinhentos... De qualquer forma, pesquisei e descobri que há pouco tempo houve um dos shows do novo The Wall que contou com a presença de Gilmour:

  
Roger Waters - Comfortably Numb Live 2010 (Feat. David Gilmour):

Para concluir, eu não poderia deixar de tocar no infeliz assunto da pergunta que nunca quer calar quando se fala de um clássico absoluto: onde estarão os novos clássicos desse porte? Por onde estarão as novas bandas que irão revolucionar com uma obra grandiosa como esta? Talvez possa ser esse que vos fala com sua incrível banda? Talvez... Somente o tempo irá dizer... Enquanto isso podemos aproveitar o que já nos foi dado e, agora, diga-se de passagem, com o lançamento da versão Experience do disco The Wall que traz os dois discos remasterizados em uma qualidade que ficou ótima, sem deixar as músicas 'comprimidas' ou sem dinâmica (até mesmo por se tratar de uma ópera), então dá para ouvir sem medo. Essa versão traz também um terceiro disco com demos e raridades que são bem interessantes. Para os mais conservadores, indico também o disco de 79, pois este é o disco original na maneira que foi lançado.

*Gostaria de salientar que a releitura que fiz aqui é apenas uma interpretação minha para a obra, tratando-se única e exclusivamente de minha própria opinião.

Imagem da turnê original de 1980 que quase faliu a banda.

Roger Waters (Vocal, Guitarra, Baixo, Sintetizadores)
David Gilmour (Vocal, Guitarra, Sintetizadores)
Richard Wright (Órgão, Piano)
Nick Mason (Bateria, Percussão)
-
Bruce Johnston (Vocal de Apoio)
Toni Tennille (Vocal de Apoio)
Joe Chemay (Vocal de Apoio)
Jon Joyce (Vocal de Apoio)
Islington Green School (Coro Infantil)
Michael Kamem (Arranjos de Orquestra)

Bob Ezrin (Arranjos de Orquestra)


Disco 1:
01 - In The Flesh?
02 - The Thin Ice
03 - Another Brick In The Wall, Part 1
04 - The Happiest Days Of Our Lives
05 - Another Brick In The Wall, Part 2
06 - Mother
07 - Goodbye Blue Sky
08 - Empty Spaces
09 - Young Lust
10 - One Of My Turns
11 - Don't Leave Now
12 - Another Brick In The Wall, Part 3
13 - Goodbye Cruel World


Disco 2:
01 - Hey You
02 - Is There Anybody Out There?
03 - Nobody Home
04 - Vera
05 - Bring The Boys Back Home
06 - Comfortably Numb
07 - The Show Must Go On
08 - In The Flesh
09 - Run Like Hell
10 - Waiting For The Worms
11 - Stop
12 - The Trial
13 - Outside The Wall


Disco 3 - Bônus (somente na versão Experience):
01 - Prelude (Vera Lynn) - Roger Waters Original Demo
02 - Another Brick In The Wall, Part I
03 - The Thin Ice
04 - Goodbye Blue Sky
05 - Teacher, Teacher
06 - Another Brick In The Wall, Part II
07 - Empty Spaces
08 - Young Lust
09 - Mother
10 - Don't Leave Me Now
11 - Sexual Revolution
12 - Another Brick In The Wall, Part III
13 - Goodbye Cruel World
14 - In The Flesh?
15 - The Thin Ice
16 - Another Brick In The Wall, Part I
17 - The Happiest Days Of Our Lives
18 - Another Brick In The Wall, Part II
19 - Mother
20 - One Of My Turns
21 - Don't Leave Me Now
22 - Empty Spaces
23 - Backs To The Wall
24 - Another Brick In The Wall, Part III
25 - Goodbye Cruel World
26 - The Doctor (Comfortably Numb)
27 - Run Like Hell

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Cessão


15 comentários:

  1. Pink Floyd - The Wall [1979]:

    82mb - 192kbps

    http://www.mediafire.com/?1xcw3832bq1btcx

    --------------------

    Pink Floyd - The Wall Experience Edition [2012]:

    300mb - 320kbps

    http://uploaded.to/file/sjw0fe3q

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  2. Ufa! Achei que nunca mais fosse terminar... Desculpem pela demora, pessoal! Trabalhei bagarai nesse post, espero que gostem!!

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  3. Grande resenha, Cessão!
    Vou até baixar outra vez o álbum pra ouvir!
    Valeu!

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    1. Isso aí! Valeu, obrigado! Se vc já conhece o disco, ouça o remaster que tá bem legal!

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  4. Parabens pela resenha Cessão. Penso que a idéia do Blog é exatamente esta, pôr considerações pessoais sobre as obras que resolvemos analisar. Valeu pela postagem. Mais uma vez, parabéns.

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  5. pota que parau! muito boa a resenha! Realmente retratou bem o show e pegou as sutis mensagens q o LP passa.
    Só pra constar, acredito que o porco usado no show é pra fazer referência ao livro "a revolução dos bichos".

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    1. Isso mesmo amigão, tens razão! A mecânica do blog já havia me comentado tal livro! Valeu!

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  6. Bah... post show de bola...
    Foi um espetáculo memorável, com poesia, música e muita crítica social \m/
    Não é a toa que Roger Waters é um dos monstros do rock
    E o melhor foi curtir tudo isso na companhia de bons amigos \m/
    Ceceu, vai resenhando com essa qualidade que tu vai chega na Whiplash logo logo ;D

    Abração brother!

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  7. Nossa muito boa a resenha, um tanto quanto complexa..Valeu cara!

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  8. olá,amigo.ja adicionei o seu blog no dragonmasterxz.Agradeço a Parceria

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  9. Um post como esse não podia ficar de fora. Admirável resenha, resume bem a mensagem do álbum, do filme e do show! Parabéns!!

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  10. Agora que assisti o filme pude entender bem do que se trata.. Grande resenha em todos os sentidos! valeu

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  11. Desculpa, mas nenhum outro membro da banda está em casa domindo.
    David Gilmour construiu uma sólida carreira solo e sempre contou com o apoio de Rick Wright.
    Sobre o batera, aí já não me arrisco.

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    1. De toda maneira, agradeço pelo post e resenha, que foram muito bons!

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