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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Mr. Big - Lean Into It [1991]


A tragédia de uns é a capa do disco de outros. (acidente de trem em 22 de outubro de 1895, na estação de  Gare Montparnasse - Paris, França) (post powered by modafuckin' Google)

O MINISTÉRIO DO GSM ADVERTE: esse post contém chuva no molhado.

Convenhamos: Mr. Big é jogo ganho, quando se fala em hard rock. Falar do background de caras como Eric Martin, Paul Gilbert, Billy Sheehan e Pat Torpey é como conversar sobre as notas do Stephen Hawking em Física na escola. As habilidades como instrumentista de cada um deles tem poucos pares no mundo. E só pelo fato de pesos como estes se juntarem em uma banda já cria uma certa expectativa de "puta que pariu, os caras vão ficar mais preocupados em ver quem debulha mais o instrumento do que em fazer música" mas PARA TUDO!!!!!

(...)

Tá, não precisava tanto drama (tou me sentindo meio João Kléber hoje, relevem), mas, voltando dos nossos 15 minutos de comerciais, o fato é que não é nem um pouco assim no trabalho deles no Mr. Big, especialmente com o Paul Gilbert (eu sou PUTA fã do Richie Kotzen, vale ressaltar agora, mas a química da banda não era nem de perto o que é com o tio Pablo nas 6 cordas). De certa maneira, o que havia com eles é que, apesar de toda a qualidade técnica que a banda possuía, eles ainda tinham algo a provar: que conseguiam fazer boa música, e música acessível a um público mais abrangente pra época, com toda esta capacidade, e acabaram usando esta motivação como combustível. Se eles superaram o desafio? Especialmente neste álbum, superaram, passaram por cima, deram uma cuspidinha e comeram com farinha.




Não que o álbum anterior, o debut auto-intitulado, de 1988, seja ruim, muito pelo contrário, ele também é um álbum fantástico de hard rock oitentista, mas acabou diluído na torrente de bandas e hits que o estilo passava no final dos anos 80. O tchan do Lean Into It em relação ao antecessor é que as músicas dele conseguiram juntar na dose certa, em todas elas, o diferencial da habilidade técnica dos músicos, um teamwork instrumental primoroso, composições inspiradas, uma banda com o astral lá no pico do Himalaia e uma produção que não precisou interferir muito no resultado final do trabalho (esta que ficou a cargo de Kevin Elson, que já havia trabalhado com gente do calibre de Lynyrd Skynyrd, Journey e Europe), deixando o pau comer solto dentro do estúdio. Deste caldeirão saiu um som original pra produção de hard rock da época, ainda que com muita influência das bandas clássicas do gênero.
Daddy, Brother, Lover, Little Boy (The Electric Drill Song) já começa como um clássico instantâneo da carreira da banda. Afinal de contas, não tem como não se impressionar com um solo conjunto de guitarra e baixo tocados com... furadeiras (!!!!) com uma ponta de broca com palhetas adaptadas, de modo que elas acabem tocando... sei lá, zilhões de notas por segundo. Perguntei pra um amigo meu quantas notas a furadeira foi capaz de tocar naquele solo e ele respondeu:
IT'S OVER 9000!


Mas a música não é só um solo rapidississississíssimo, ela também tem uma linha principal com o sr. Pat Torpey marcando com força e dando um peso descomunal ao verso, acompanhado com garbo pelo resto da banda e com vocais empolgadíssimos de Eric Martin; um refrão forte e com a primeira inserção dos fantásticos backing vocals no álbum, o que aliás é uma das maiores características do Mr. Big. Enfim, pedrada no meio da têmpora. Se ainda sobrou algum fôlego depois da abertura, hora de subir em cima da mesa porque começou Alive And Kickin', um rockão com tempero stoneano, especialmente nas guitarras, tratadas com muito carinho nesta música, além de uma pontezinha safadíssima pra fazer o mundo inteiro cantar junto. Outra confirmada nos setlists da banda até hoje. Green Tinted Sixties Mind vem na sequência aliviando o pé, com sua cara de hit (como de fato foi, alcançando #33 nas paradas de 1991 da Billboard), sua melodia tranquila (apesar da intro FILHADUMAP*TA de se tocar direitinho na guitarra - tá, o fato de eu treinar no violão também não facilita, vá lá) e seus refrões com backing vocals que botariam um bebê pra dormir (momento AI QUE FOFO - até coerente, os caras fizeram o Rush pegar mulher, pô).


Depois de uma balada tranquila, temos uma power ballad, sim, por que não? CDFF / Lucky This Time é uma música mais forte, mas ainda assim excelente pra ter aquele momento "come together" com a primeira-dama... Onde aliás, o Eric Martin se destacou como em poucos momentos da carreira. A propósito, WTF CDFF? Dica: a sigla significa CD Fast Forward. Dêem o play e pensem, fica como game do dia. Logo após, Voodoo Kiss emana dos falantes como quem não quer nada com sua introduçãozinha acústica, pra desaguar em um hard clássico pegadíssimo, embora sem complicação técnica alguma - just like old times, boy. Never Say Never segue a mesma linha, com um riff inicial pegajosíssimo e uma cadência que faria o Cranicola da Turma do Penadinho sacudir o esqueleto. Tá, a mandíbula. Musiquinha tão boa que mereceu cover do Justin Bieber. (sério que eu disse isso?)

Depois deste momento, hora de agarrar os lenços, botar a lembrança daquele pé na bunda pra fora e dar o play em Just Take My Heart. Simplesmente uma das melhores baladas pra embalar fossa que eu já ouvi na vida. O mérito é em parte da música em si, mas grande parte pela letra, que pega teu coração partido e termina o serviço de rasgá-lo no meio. Ou tem como ficar indiferente ao coro da banda cantando lindamente "just take my heart when you go, I don't have a need for it anymore"? É, não é sempre que a vida é bela. Mas esta música é. Aliás, ela, como um dos singles do álbum, alcançou #16 no top 100 da Billboard de 1992.

Saindo desta catarse, temos um flerte fortíssimo com algo entre o AOR e o hard rock oitentista do primeiro álbum na sequência, My Kinda Woman. Bem mais do mesmo, mas foi como se eles dissessem "ó, viu, a gente ainda sabe fazer as coisas antigas, não faz mais porque não quer, blé".


A Little Too Loose é daquelas que pega o ouvinte desprevenido. Do tipo "pra onde diabos vai essa música"? Ainda mais depois que o velho Billy assume o microfone com aquele tom gravíssimo de voz, pastelão de propósito, desembocando na letra mais divertida do álbum e com a música mais tocafoda-se do respectivo. Pena que não tocam tanto ao vivo, merecia. Road To Ruin é uma espécie de mistura de Free com a velha Motown, onde a gente não sabe se bate cabeça ou se estala os dedos pra acompanhar a música. Por via das dúvidas, faço as duas coisas, nada impede. Então, como finaleira do set normal, o hit. Aliás, O GRANDE HIT. O MR. HIT. Ninguém menos que To Be With You, tema de novela global, música clássica de luau na beira da praia (o Pabremo que o diga - FORTES ENTENDERÃO) e que com sua simplicidade atípica e sua melodia acústica cativante, levou #1 na Hot 100 da Billboard de 1991 e elevou o Mr. Big ao estrelato mundial (ainda que o Japão ocupe pra eles metade do globo terrestre, no mínimo) e a uma turnê com o Aerosmith.

Neste post, temos como bônus Love Makes You Strong, que é puxada pro hard rock oitentista com uma pitadinhazinha de nada de rockabilly, e que saiu como bônus na edição japonesa, SÓ PRA DAR UMA VARIADA. E a título de cultura geral, estão incluídas versões demos de Green Tinted Sixties Mind e Alive And Kickin' e uma versão cretinamente divertida em reggae de To Be With You. Não acrescentam muita coisa, até por estarem em qualidade de captação direta e serem mais registro de ensaio que qualquer outra coisa, mas fica como registro e diversão.

Enjoy the Mr. Big, Mr. Bad, MR. BOOZED!



Eric Martin - vocais
Paul Gilbert - guitarras, backing vocals
Billy Sheehan - baixo, backing vocals
Pat Torpey - bateria, backing vocals



1 - Daddy, Brother, Lover, Little Boy (The Electric Drill Song) - 3:58
2 - Alive And Kickin' - 5:31
3 - Green-Tinted Sixties Mind - 3:32
4 - CDFF / Lucky This Time - 4:16
5 - Voodoo Kiss - 4:09
6 - Never Say Never - 3:52
7 - Just Take My Heart - 4:28
8 - My Kinda Woman - 4:14
9 - A Little Too Loose - 5:23
10 - Road To Ruin - 4:02
11 - To Be With You - 3:29
12 - Love Makes You Strong (bonus track) - 3:28
13 - Alive And Kickin' (early version) - 4:57
14 - Green-Tinted Sixties Mind (demo version) - 3:41
15 - To Be With You (Reggae version) - 1:18



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GSM


5 comentários:

  1. Mr. Big - Lean Into It [1991] - 320kbps (1 a 12), 192 kbps e qualidade de gravadorzinho de mini-system (13-15)

    http://www.mediafire.com/?i5o8zyn0jla9zpb

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  2. Porra velho valeu por mais essa ai. As resenhas estão perfeitas, o bonde ta me surpreendendo.

    Valeu!

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  3. gde resenha..

    ouvi o primeiro disco dos caras faz pouco tempo, mas ja tenho este pra ouvir daqui a um tempinho..

    valeu pelo post

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  4. Pra mim, Mr. Big não soa como banda... Sei la... Os quatro são muito fodas em seus respectivos instrumentos. Paul Gilbert é um gênio da guitarra!

    Mas quando eles se unem parece meio forçado. Sempre falta algo nas músicas.

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